Nem todo mundo conhece a floresta, nós a conhecemos, vivemos e cuidamos dela há milhares de anos. Mas foi a partir de 1999 que nasceu o projeto para melhorar a vida da comunidade do Roque, através dos insumos da floresta com a cadeia dos óleos. A articulação se deu entre a comunidade e a UFAM - Universidade Federal do Amazonas - INCA e IBAMA. Em 2002, após a sensibilização, instalações de maquinários manuais - no primeiro momento - iniciou-se o processamento do óleo de Andiroba no município de Carauari, às margens do Médio Juruá. O projeto nasceu com a finalidade de tornar o óleo extraído das sementes uma fonte de energia para comunidade, que até então precisava comprar diesel para obter energia.
Ao começar a produção, outras formas de uso e comercialização começaram a surgir e veio a primeira parceria com a ASPROC, que levou o óleo para São Paulo através da comercialização com a indústria COBIS, que reconheceu imediatamente a qualidade do óleo vegetal. Até que, em fevereiro de 2002, a Natura conheceu a comunidade, o poder do óleo de andiroba e iniciou a parceria comercial com a comunidade.Então, após realizar a "Festa do Óleo" na comunidade se percebeu a eficácia da andiroba para outros fins, não somente eletricidade. E hoje, outras oleaginosas são processadas: o Murumuru e a Ucuuba.
Oficialmente fundada enquanto cooperativa em 2013, a CODAEMJ potencializa há 24 anos os produtos agroextrativistas pelo Brasil, sendo a região do Médio Juruá referência do trabalho agroextrativista e consciente da população. As usinas de óleos vegetais são responsáveis pela geração de renda para muitas mulheres nas comunidades da região, além de maquinário eficiente, aqui o conhecimento tradicional da floresta e da semente é o que mantém a floresta em pé.
“Vejo sempre a felicidade deles em receber pelo seu trabalho com as sementes”
"A gente mirou na geração de energia e acertou na geração de renda"
"É muita animação na hora de coletar, por que isso é uma renda para as mulheres comprarem coisas que não tem aqui"
Carauari é o segundo município de seis localizado na região do Médio Juruá, que teve como base por muito tempo a economia da borracha até o final dos anos 80, em um cenário de exploração deste insumo. Até que, ainda nos anos 80, se iniciou o MEB - Movimento de Educação de Base - é uma instituição financiada pela igreja católica que iniciou o processo de conhecimento da valorização dos seringueiros em seus direitos e deveres. Desde então eles começaram a se organizar e a lutar pelo seu território e em 1990 a Asproc protocolou na CNBQ a Reserva Extrativista do Médio Juruá.
Comunidade do Roque
(margem esquerda do Rio Juruá)
Dentro da Reserva Extrativista
Médio Juruá / AM